quinta-feira, 31 de julho de 2008

- Tu ainda tá longe?

auto-tortura mode ON: Tempos Dificeis (Celso Blues Boy)

3 anos é muito tempo.

Aquela janelinha piscando do MSN me deu um sorriso sem tamanho. Noticias de Boston e de quem muito sinto falta. Ele continua o mesmo... desarmou meu esporro com um "que saudade de ti, trastinha...". Continua bom. Nunca se chamar de traste foi tão carinhoso. Acabei olhando algumas fotos antigas, relendo aquele diário de folhas pretas e caneta prata que faz doer... e lembrei de um monte de coisa boa e de como a distância não importa. Tem sentimentos que não mudam, aqueles verdadeiros. É como deixar de amar uma pessoa... eu acho que a gente nunca realmente deixa de amar alguém que foi tão importante. Eu sempre vou amar, "apesar de tudo" ou "por tudo".




Saudade... de tanta coisa. A gente resolveu morar juntos depois de se conhecer no albergue (os brasileiros sem pouso). Fizemos festa uma semana e mudamos no Natal, nevando, pra uma casinha fofa. Era a melhor risada e cozinhava melhor que eu. Saudade de cair do sofá com ele. De dançar Tempos Difíceis na sala escura de casa, bêbados de vinho, enquanto todo mundo dormia. Saudade de brigar com ele porque molhava o chão do banheiro. De alguém me carregar no colo como se eu fosse pequena e leve. De dividir panela de negrinho. De ganhar abraço porque reclamava de frio... um detalhe pequeno assim. Eu nunca pedi o mundo pra ninguém... embora tenham me dito que eu posso.


Saudade de cuidar e ser cuidada. De discutir. De achar flores na cama depois de uma briga que me fez chorar. Dos bilhetes. De ouvir ele dizer que ia ficar tudo bem... De cozinhar juntos ouvindo Black Sabbath. Da DR entre as máquinas na lavanderia. Ele dava trabalho, como eu também dou... mas tinha um cuidado sem fim com os sentimentos. Me ligava no escritório no meio da tarde... com uma desculpa boba pra me ver. Carinho não tem preço. Era divertido até fazer compras no mercado, andar nas costas dele nas manhãs de sol no sábado... e ele me jogar na neve fofa. A gente foi bem feliz... e que saudade eu tenho daquele alemão :)

- sim... eu ainda tô longe...


Quando eu já tava bem alegre pelo dia e indo dormir, perto da 1 da manhã, pula outra janelinha. Sério, meus meninos decidiram me fazer feliz! O Dani morava com a gente... aquele moleque que virou meu irmão, com um coração do tamanho do mundo. Voltou pro Brasil e ta morando em Curitiba... se formou, abriu um restaurante, ta com uma pessoa que ama e que ama ele também e tá programando uma viagem pra ver Scorpions sei lá onde... não podia estar mais contente. E puxou papo com um "oi, trastinha!".


Vontade de quebrar os ossos dos dois num abraço :)




Menção honrosa ao Breno... que sumiu, mas até que sinto falta. Playboy mimado carioca que achava que eu era mãe dele hehe




Ninguém enlouquece morando com meninos... eles me chamavam de molequinho e tiravam com o meu sotaque. A noção de respeito e consideração é outra... nem que fosse com meu tapete rosa do banheiro e os milhões de cremes na banheira. Passei um final de semana na casa de meninas e achei que fosse morrer de desgosto. Como mulher complica!

" Por dentro eu sei que nunca senti nada além de amor em tudo o que vivi..."

"Há sentido no sofrimento"

o que me embala desde ontem: Sempre Brilhará (Celso Blues Boy)


"Não é da falta de bem-estar que um coração como o seu pode sentir falta. Aflige-se com a idéia de estar por muito tempo enterrado na obscuridade? O tempo, em si mesmo, não é nada: a questão não está no tempo, mas no senhor. Transforme-se em um sol, e toda a gente o verá. O sol deve ser, antes de tudo, o sol."


Crime e castigo demorou, achei que não fosse acabar nunca. Não que o livro seja ruim, mas eu que tenho dificuldade de focar em uma coisa só por muito tempo (vide meus namoros de 4 meses), lí 7 livros enquanto lia ele paralelamente nesses dois meses.


O Dostoiévski era um jogador sem esperança, mas cada vez que ele ficava na miséria, sentava e escrevia uma maravilha (os fins justificam os meios)... Todo mundo no livro é paupérrimo, bêbado e sofre de uma auto-piedade mais que irritante. Eu odeio auto-piedade. Se é pra sentir pena de sí mesmo, senta alí no canto e chora sozinho. Sofre com dignidade, criatura! Os que escapam disso são loucos... ou mais certos que nós todos juntos. As mulheres ou são santas, ou são... é.

Ainda com vontade de arrancar a cabeça do Svidrigáilov no capítulo sobre a lisonja (é só chutar uma pedra pra achar outros iguais), parando por aqui pra não falar demais da história... mas um dos melhores livros que já lí...

E sobre crimes e erros:

"- É preciso que aceites o sofrimento e te redimas por meio dele."

"(...) Quer saber minha opinião a seu respeito? Considero-o como um desses homens que deixariam arrancar as entranhas e ainda olhariam sorrindo para os seus torturadores, contanto que tivessem encontrado uma fé ou Deus. Pois bem, procure essas coisas e viverá. Antes de mais nada, há muito tempo que o senhor precisa mudar de ares. Depois, o sofrimento é uma coisa boa. Sofra."

Bora pra uma livraria... que o meu veio como presente de aniversário muito apreciado :)
(ainda sem dedicatória. humpf)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

"As pessoas grandes sempre têm necessidade de explicações"

barulhinho: Enslaved (Motley Crue)

Eu não tenho coragem de deixar de devolver livros com dedicatórias. O Pequeno Príncipe que tá aqui em casa há tempos tem dono e ontem eu tive vontade de ler justamente por causa de uma conversa com ele, no finalzinho do domingo. Assim como senti vontade de escrever mesmo sabendo que não lê meu blog porque diz que isso não pertence a ele.


Ele sonhou que eu não conseguia falar, que eu gritava, gritava e não conseguia ouvir minha voz. Então me ligou pra saber do meu coração. Sim, meu coração... porque, afinal de contas, eu também tenho um. A ligação durou 1h e 48mins. Por ser domingo a noite e por me conhecer demais e há tanto tempo, fica fácil falar por tanto tempo. Conversar com ele as vezes me acalma... e as vezes me faz montar num porco de tanta raiva. Perdão se as vezes não escuto como deveria. Fiquei um tanto relutante depois de passar uma vida ouvindo mentiras bonitas das pessoas que mais importavam... eu escuto com desconfiança, a primeiro momento.


Ele conseguiu me colocar dentro de uma caixa que diz que é a "caixa da Andressa". Fotos, sei lá mais o que, meu presente de aniversário foi pra lá também porque eu não fui buscar, minhas velas de 27 anos que não veio trazer... me reduziu a uma caixa, muito bem. Mas diz que de todos os livros que tem na rua, esse é o único com o qual não se preocupa.


Depois de uma conversa sobre metáforas hoje com a Cíntia, volto ao livro, que entre as metáforas mais simples e inocentes que já ví (talvez por isso, as melhores) e que poderia escrever aqui, nenhuma é melhor que a de sempre....

- eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.


Mas daí já é coisa pra outro post...

terça-feira, 29 de julho de 2008

"sejam felizes, meus filhos"

Fiquei irritada hoje lendo o jornal. Onde estão os Goonies, o Mad Max e o moleque ranhento de Esqueceram de Mim? Acho que eu cresci :/ Sessão da tarde já não é a mesma coisa...

Clint Eastwood e a Meryl Streep na TNT e há anos eu queria assistir As Pontes de Madison. Acabei chorando como uma menininha sentimental... que sou.
Perguntaram sobre o que era o filme... "é um filme sobre pessoas".

Se eu pudesse pedir algo, desejaria 4 dias de intensidade que determinassem a vida de cada um. Mas que essa ausência não fosse sentida no que sobrasse de vida depois disso.

Eu não deixaria ele sozinho na chuva. Por nada no mundo.

"só se tem esse tipo de certeza uma vez na vida"

Alento

barulho de nostalgia: Una palabra (Carlos Varela)


Quanto tempo é um ano?


As únicas duas fotos em que eu não sorria.
Chama de pausa dramática?


Una mirada no dice nada
Y al mismo tiempo lo dice todo
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro...



sábado, 26 de julho de 2008

um tempo merecido

o que me embala agora: Boate Azul


Eu odeio sair na sexta-feira. Fico com aquela sensação inquietante de que preciso trabalhar em algumas horas. Sunset Riders deveria tocar aqui a cada dois meses... nem que seja só pra gente ver as coreografias do Dino. Como disse um dos meninos de preto: e o buteco virou discoteca. Adoro o repertório e todo aquele 80's bom de cantar...
Palavras, meu silêncio conhecido, minhas 10 mil palavras por minuto, olhares, entendimento, amigos, sinceridade, pirulitos, a Mel pulando em volta de mim e falamos sobre Peter Pan (up in the air, baby)... Foi bom e divertido... só pode ser bom parar de mentir pra si mesmo. Alguém falou em fragilidade e força. Eu não falo.

O sábado veio calmo... assim como a semana que está chegando. Como compromisso, só um almoço de formatura amanhã. Depois, férias de uma semana.

Pra fazer nada, pra organizar meu tudo. Pra parar e pensar. Pra ver o que falta, pra perceber o que sobra... cortar as arestas. Longe de querer ficar o tempo todo quieta, porque muito tenho recebido de quem convive comigo... me sinto bem por ter o que oferecer também.


Aproveito os dias pra me jogar no material novo que chegou pra mim... pros alunos advogados que aceitei pra ensinar inglês jurídico num escritório... Numa proposta totalmente egoísta: pelo meu próprio conhecimento... já que vai dar trabalho. Não aceitaria se não fosse por isso... não porque a escola não teria alguém com conhecimento jurídico pra colocar no lugar, nem porque pagam bem. Eu gosto é do desafio.

Agora eu só quero tempo livre, livros e boa companhia.
E acabo ouvindo Willie Nelson... que é o cara... como uma canção de ninar.

entre a música

Sou tranqüilo em meus pensamentos
Vivo rindo mas pouco transparecendo


Não sou de estar aqui, acolá
Mas sei onde ficar antes de tudo acabar


Quando olho nem sempre vejo
Finjo não saber aquilo que mais desejo


Quando paro no barulho
Acabo escutando o silêncio de meu orgulho


E no final enxergo com naturalidade
A única coisa que me deixa na saudade


(Djavan Anterio)


e o meu travesseiro.


... E quase ninguém percebeu.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

ela é o que sente


"Neste mundo nada nos torna necessários, a não ser o amor"
(Goethe)

Dela eu tenho o coração idiota, a mania de ver pessoas e colocar todo mundo a nossa frente. Achar que o mundo é bom e acreditar no que é belo. Herdei o carinho sem fim com quem é especial e a super valorização de sentimentos, o apego pela família e o cuidado com cada pequeno detalhe na convivência com quem eu amo...

Fico meio perdida quando tô longe, é ela que me faz voltar sempre, sem dizer uma palavra (home is where your heart is...). Certo que é a melhor pessoa do mundo... a mãe de todo mundo. Bem sabem os que estão sempre aqui em casa...

e amanhã é aniversário dela de novo \o/
nada mais justo que fazer aniversário dois dias... pra ela não poderia ser diferente.

Amo demais. e muito. e sempre :)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

as gavetas... as mais desorganizadas

De todas essas correntes de pensamentos felizes que estão circulando por ai, derivados do Segredo (que eu não lí), manuais de auto-ajuda e etc, a mais fofa certo que vem do Peter Pan, que puxei da estante ontem porque ainda não tinha lido e aproveitei que estava com dois livros na mesinha de cabeceira (eu tinha que aprender a focar numa coisa só).

Barrie fala de mind drawers, algo como gavetas da mente e da reorganização dos nossos pensamentos, feita diariamente.

Lembrei das eternas crianças com que convivo... que não são poucas, e lembrei da minha mãe.
Não conheço o texto em português, uma tradução sem compromisso:

"É o costume noturno de toda boa mãe, depois de seus filhos pegarem no sono, vasculhar suas mentes e organizar as coisas para a próxima manhã, recolocando no lugar certo os muitos itens que andaram vagando durante o dia. Se você pudesse se manter acordado (mas é claro que você não pode), você veria sua própria mãe fazendo isso e você acharia interessante observá-la. É como arrumar gavetas. Você observa ela olhando alguns dos conteúdos, imaginando onde você conseguiu aquilo, fazendo descobertas doces e não tão doces, e apressadamente tirando-as de vista. Quando você acorda de manhã, as maldades com as quais você foi pra cama foram dobradas bem pequenas e colocadas no fundo da sua mente; e, em cima, cuidadosamente ventilados, estão espalhados os seus pensamentos mais bonitos, prontos para serem vestidos."


É por isso que eu amo os clássicos infantis... a simplicidade como tudo funciona. Ventilando os melhores pensamentos. Essa é a diferença que algumas pessoas tem observado... Também uma maneira romântica de explicar o velho lema: dar importância ao que tem importância... e a cada pessoa a sua devida importância. Fica tudo tão fácil... e simples.

Sigo pedindo toda noite a mesma coisa... que um dia vai ficar dobrada bem no fundo da gaveta. Bem pequena.





... perguntado sobre o que era necessário pra voar:
"you just think lovely wonderful thoughts," Peter explained, "and they lift you up in the air."


terça-feira, 22 de julho de 2008

Enjoy the silence?


Mantras de auto-ajuda:


o segredo de aborrecer é dizer tudo.
*xis com cheddar*
os olhos são as janelas da mente e falam mais rápido que a voz.
*pizza*
O silêncio é mais eloqüente que as palavras.
*lasanha de brócolis com 4 queijos*





Vontade de fazer um discurso pra 100 pessoas. Vontade de comer um xis.

Não posso falar.
Eu SOU comunicativa também falando.

Eu não posso comer. Eu não faço dieta. E sou infinitamente mais feliz. Que sofrimento passar um dia a líquidos.


A recomendação foi simples: falar o mínimo possível. Ô, tranquilo... escolhi certinho o dia que ia ter uma palestra com o cara f**ão que veio da Inglaterra pra falar com a gente. Beleza, posso ficar alí no canto só recebendo conhecimento.
Fui escolhida como "voluntária" não uma, nem duas... mas três vezes! TRÊS! Achei que ia perder muito tempo explicando e ainda corria o risco de soar como uma desculpa de frango pra não me expor.

Sono.
Alunos são legais. Sério.
O silêncio as vezes me cai bem.
Escolher voluntários é a própria definição de contrasenso.

domingo, 20 de julho de 2008

"... life goes by"

Ouvir a banda tocando Kings of Leon me fez lembrar de 2005 e um show deles num boteco em Boston, não muito diferente do Revival. De última hora, com uma placa de "sold out" na porta que não me desanimou. Eu nunca desanimo quando acho que vale a pena. Botas na neve, gente estranha. Em meia hora eu tinha ingresso até pra revender. E uma turma animada.


A gente aprende que perguntar até escutar a resposta que quer ouvir as vezes ajuda e muito.


Que saudade de morar lá. Onde minhas bandas queridas tocavam no Paradise Rock Club. Onde o metrô parava na frente. Onde eu morava sozinha e era adulta por decisão. Deus, as vezes me pergunto porque voltei... e se não é melhor cultivar o desapego como a grande maioria. Todo mundo que eu mais amo está aqui... a escolha foi tão óbvia. Como me disseram: algumas pessoas simplesmente não servem pra grande maioria.


A música tocada em um boteco ontem, mais uma vez, trouxe um monte de coisas boas... o sorriso que veio do palco entendeu. Pena que eu nunca ví ele tão mau como vestido de Mad Max no meu aniversário. Um delícia de show. Quebrando os saltos de todo mundo com Creep ou não.


Ser obrigada a botar um amigo de volta no lugar dele doeu em mim. Mas mantive a atitude. Eu tenho os meus limites... e não aceito (mais) o que não é aceitável. Não serve. Os olhos de outro amigo do lado de dentro do balcão me deram certeza.
- ninguém espera nada diferente de ti numa situação assim, Dessa... tu tá mais que certa.

Mas dar um tapa nele foi o mesmo que bater numa criança :/
Também não fiquei escutando as justificativas e desculpas. Respeito é o mínimo. Perdeu... eu devolvi.

( - sabe que é o problema dos olhos negros? Eles escondem tudo...

ah, mas não escondem MESMO. )

Fora isso, no Revival eu tava num humor de quase brincar no chão com meus amigos. Isso chama afinidade. Quando me perguntaram o que eu tinha, respondi o que não podia ser mais sincero:

- eu sou assim...

É o resultado quando está tudo só nas minhas mãos.
Não tem como não sorrir quando se é livre.

sábado, 19 de julho de 2008

três tirinhas no meu desktop

que estavam me irritando e pedindo um uso antes de sumir de lá.

Sobre pedras trocadas



Sobre pessoas.... digo, borboletas :/


Creio que não há qualquer necessidade de explicações. Talvez aqueles dois ou três que lêem esse blog e reclamam do tamanho dos posts fiquem felizes agora. E eu pergunto: até isso tem que ser fácil??

Escutando Oswaldo Montenegro. Sinto falta de Ju... sempre lembro dela quando escuto. Coisas de Brasília é uma música foda, na falta de outro adjetivo que explique melhor. Você era mais loura no meu sonho que em meu olho, eu sei... Cada um com as suas borboletas vistas a distância.



"... e quando te encontrar vou perguntar o que valeu"


:)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

"Não estás mal. Não te pareces?"

Acabei de ler Crepusculário, mais uma vez, como todo bom livro que é lido algumas vezes. Achei graça ontem quando uma professora que estudou literatura uma vida toda e é um dos meus referenciais em conversas construtivas chegou pra mim e começou com um "tu que entende de Neruda, ...". Ah, antes fosse... seria tudo tão diferente... Fato é que nossas conversas em intervalo não têm preço e como aprendo com ela. Seja falando da época que ela chegou em Caxias nos anos 60 ou falando encantada sobre um livro. E eu que entendo de Neruda? Eu amo a humildade dela. O livro já tem destino certo mais uma vez... nunca pára em casa e eu gosto dele na rua.
O mundo seria mais justo se todo mundo fosse a Matilde de alguém.
Folheando O rio invisível, também dele, fico pensando onde estarão o José Roberto e a Marilena que, segundo dedicatória com letra impecável, em 1983 estavam vivendo bons momentos juntos. Aquelas palavras tão cuidadas e tão escolhidas pras dedicatórias... "estou escrevendo demais? Estou escrevendo pouco?". Anos depois comprei as páginas amareladas num sebo carioca. Nem Marilena, nem José Roberto por perto. Eu que lucro... além de algumas poesias encontradas em outros livros, tem textos maravilhosos...
Vontade de Fernando Pessoa, que tanto já apareceu por aqui, mas estou sem coragem de reler. Talvez uma chance pro Álvaro de Campos, o heterônimo azedinho e irônico. No mais, não estou pra toda aquela melancolia poética... são momentos. Dos 5 livros, nenhum sai de casa.
Volto ao romântico... mas aqui nem tanto:

A MARIPOSA dançarina
vai arder- com o sol- as vezes.
Mancha volante e labareda,
agora ficará parada
sobre uma folha que a embala.
Assim diziam: - Não tens nada.
Não estás mal. Não te parece?
Eu tampouco dizia nada.
E passou o tempo das messes.
(...)
Tudo passa na vida, amigos.
Passa ou perece.
Vai passar a mão que ordenou.
Passa ou perece.
Vai passar a rosa liberta.
Também a boca que te beija.
Água e sombra e o mesmo copo.
Passa ou perece.
Passou a hora das espigas.
O sol agora convalesce.
Sua língua tíbia me envolvendo.
Também me diz: - Não te parece?
A mariposa dançarina,
revoluciona,
e desaparece.

(Mariposa de outono)
Com dúvida, como algumas das minhas escolhas. A outra poesia deve ir via depoimento.
Bom final de semana :)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

por um arrepio

que não poupou ninguém




For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught
To say the words he truly feels and not the words of one who kneels...
the record shows I took the blows...

o mal necessário

a música: Pra ser sincero (Engenheiros do Hawaii)

A janta foi na casa mais legal do mundo. Se eu tivesse ficado lá ouvindo e aprendendo sobre ópera tinha ganhado mais... infinitamente mais. Mais importante que isso: não teria perdido nada.


Eles tiveram meus melhores sorrisos quando tudo valia o que merece. Dava gosto ver a empolgação daquele pai gurizão de uns 60 anos fritando em volta da gente. Fomos da ópera à Boate Azul.
No entanto, o que mais marcou foi uma interpretação do Elvis pra My Way.

Depois... Inauguração do Berlin. La Barra quando eu queria era sair do Dodge. Finaleira VeraLoca.
Não faz sentido eu me machucar de uma maneira diferente pra tentar curar uma ferida. Nem de todas as maneiras possíveis. A gente jamais deveria trair o que sabe que é a essência, o que acredita que tem de mais verdadeiro e crê de forma mais pura.
Não são erros imperdoáveis e não vou me culpar pra sempre pelo deslize, digo até que foi bom só pra eu ter certeza que o caminho que sempre percorri é o certo. Eu não sei brincar assim... trai só a mim mesma, mas a certeza do que não sou vem como uma benção.
Entendi na prática o que me disse uma vez... "... tu é mais ou menos assim. Porque tu não é, mas se comporta como se fosse".
Na hora certa...
Fora isso, tudo correu na paz merecida. Gente de casa, gente nova. Poucas coisas me deixam tão à vontade como uma roda de violão e amigos numa madrugada... assim, quietinhos, cantando de canto.
Ainda me maltratou tocando Engenheiros maravilhosamente bem... e me fazendo lembrar de coisas que eu to fazendo força pra não lembrar. Agradeço, mas errou na escolha da música... nada grave. O sorriso foi sincero, mas ele não tinha nada a ver com o momento. Para todas as outras, o sorriso era daquela hora e de todos que estavam lá também, brincando tranquila com uma taça de vinho entre os pés descalços.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

pra não dizer que não falei das flores...

ou: definir é limitar

(retalhos de uma conversa na sala de professores)
- como é o nome dessa flor?
- flor.
- sério, Dessaaa... como é o nome??
- flor! assim como peixe é peixe... só tem diferença entre atum e salmão e olhe lá.
- ... mas vê se eu aguento isso??!
- ... mas qual a importância? é uma flor, sentido lato, cheira bem, tem pétalas que eu não arranco, faz bem ter por perto e eu adoro... não é o que vale?
- precisa saber o nome!! tu parece um homem...
- vocês e os rótulos... e eu que to errada!

(...)

- e se tu recebesse um monte de rosas??
- já recebi... e sem cartão, filho da mãããe! rosas são previsíveis. É romântico, mas sem imaginação... eu gosto de margaridas... e em vasos.
- resolveu se rebelar contra o sistema??
- .... as flores morrem. se tu visse minha tristeza infantil me daria um vaso e nem questionava.
- Andressa, nunca te disseram o significado de um bouquet de rosas vermelhas... só pode.
- Graças a Deus eu to superando a fase do que me dizem... as pessoas falam o que querem. é como papel que aceita tudo, diz minha mãe. O que conta são as atitudes... e é muito rara essa compatibilidade.
- a gente ta falando ainda de flores?
- pode ser.
- tá.... mas e essa flor, como chama?
- flor.


Eram Gérberas... e eu não falei por pura teimosia.

Margaridas me ganham, como aquela arrancada de um muro na rua do Vagão e que foi oferecida com um pouco de timidez. Tulipas me derrubam. Mas elas morrem. Acabam. Perecem. Como todo o resto. Enfim respondo porque as rosas do bouquet de noiva no meu aniversário eram de plástico... porque elas não morrem. Ficaram no bar.

terça-feira, 15 de julho de 2008

(




... o tempo é o mágico de todas as traições.

)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

pela (não) banalização do amor

Em algumas situações é melhor pecar pela ausência do que pela fartura. Falo de termos. Bons tempos em que a gente ouvia falar de amor e acreditava... Eu te amo virou lugar comum. Maldita disseminação dos meios eletrônicos.
Primeiros as cartas perderam o valor, dai tudo ficou rápido e prático... como se não bastasse a minha frustração em receber recados em letras padronizadas mundialmente e ficar faceira que nem pinto no lixo quando recebo um pedacinho de papel assim rabiscado com a letra de quem parou um pouquinho pra aquilo, tenho que lidar ainda com conceitos vazios pra sentimentos.

No fantástico mundo de Dessa, todos os eu te amos já foram de verdade. Não que eu tenha perdido o romantismo (que Deus nos livre), mas observando pessoas, fica fácil falar em... hipocrisia... mas não é minha função estourar bolhas de felicidade (logo eu aqui lutando com as minhas...).

Seja sincero consigo mesmo... porque o resto é o que criaram pra nós e nem sempre é bom.

No caso de haver alguma verdade, tudo tem um momento e todas as pessoas têm sua hora e sua importância... frases automáticas diminuem esses momentos e tiram o que tinham de especial... enfim, banalizam. Não é bom dia.

Um namorado costumava ouvir: pára de dizer que me ama (mas eu amoo, ele dizia). Eu quero perder o chão quando escuto, quero sorrir como uma idiota, quero me agarrar no teu pescoço... mas não quero dizer ok ok, amor... passa o queijo?. O pobrezinho nunca entendeu... e eu que sou a ogra com coração de pedra (mas ta na minha wishlist!).


Enfim, falo por mim... eu te amo nunca foi automático, menos ainda aleatório (que sejam castigados devidamente). Conheço dois ou três que fazem o mesmo... e como é bom ouvir "vez que nunca", mas ter certeza do que está ouvindo. A esses, obrigada... mas certo que nós estamos errados. 0_o

na dúvida:

querido (insira um nome qualquer aqui),

pra jantinha de amanhã tá faltando:

*200 gramas de presunto
*300 gramas de queijo
*1 Danoninho

amo!
(insira o seu nome aqui. beijos são opcionais)


...não façamos do amor algo desonesto.
(L'aventura- Legião)

sábado, 12 de julho de 2008

(pela beleza do simples e sincero. pra não falar na necessária delicadeza no trato)

:)


"só podemos dar aquilo que temos em nós mesmos"

Flutuava leve,
junto às bolhas,
correndo todos os riscos
e sendo feliz
pela fração de segundos
Durou pouco mais que
um piscar de olhos divino,
Mas tornou-se feliz
pela eternidade

{por depoimento, com um fofo "lembrei de tí que vê beleza até nas coisas efêmeras". Amo. Obrigada, gurizinhooo. E a beleza está também nas coisas efêmeras.... porque duram exatamente o tempo que tem que durar}
Chama Eternidade [um mundo e uma vida numa bolha de sabão] e não sei a quem é atribuído. Nem o Google.

terça-feira, 8 de julho de 2008

- O que te faz feliz?


perguntaram....


(cheiro de café. areia nos pés. simplicidade. banho no escuro. receber cartas. abraços sinceros. livros. deitar na grama. dançar. verdades bonitas. brincar com a Holly. batata frita. conversar em silêncio. beijar na chuva. acabar um dia de trabalho. massagem. roupa de cama limpa. ligações de saudade na madrugada. canetas coloridas. andar num dia frio. encantar. ser encantada. conversar. pirulito de cereja. beijo roubado. ver o sol nascer. estrada deserta. matar a saudade. dormir de tarde. conversar baixinho a noite toda. cheiro de bala. rir até doer. amigos. café na cama. banho de sol. natal. noites de bar. mordidas. respeito. nadar. o toque na pele. negrinho de panela. celular tocando. doces. curar uma briga na cama. rodas de violão. demonstrações de afeto. whisky com energético. correr. eu te amo. mochila nas costas. arrepio. vento nos cabelos. margaridas. banho de chuva. 'precisava ouvir tua voz'. vestidos. andar descalça. beijo na nuca. cobertor e pipoca doce. mc fish. balanços. aulas canceladas. tempo. sono compartilhado. mar. maionese verde. atenção. mensagens de texto. colo. descobrir a melhor música do mundo dessa semana. abraço sem fim. pijama e cama. riso solto. meu céu. papelarias. conversar com crianças. poesia. olhares. sorrisos. estrelas. algumas ruas. mãos dadas. bossa nova. fotos. cheiro no travesseiro. massagem nos pés.)



- Hum... eu sinto o momento e quero sempre. quero tudo e quero muito.


sábado, 5 de julho de 2008

não há dignidade em rolar escada abaixo



"A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau."

(Mark Twain)

(... assim como não há dignidade em evitar a escada)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

puro e verdadeiro

ou: só a verdade me liberta



o que me separa da mediocridade do mundo: Os Barcos (Legião)


Peço desculpas pelas eventuais patadas distribuídas na última semana, a arrogância em ignorar as janelinhas piscando na tela, os 90% de bloqueados na lista, o "não" redondo e categórico a tudo que não queria. Provavelmente eu não mudaria nada se acontecesse de novo, está tão mais fácil assim.

Eu passo muito tempo sendo simpática quando não quero. Eu sou paga pra isso. Eu tenho que sorrir pra quem não gosto e quando não sinto vontade. Sou paga pra criar paciência em laboratório e aplicar a pessoas que não merecem. Minha paciência não é de fábrica, embora a tolerância tenha sido... mas acabou.
Eu me recuso a fazer isso na minha vida pessoal também. Fato que isso é decisão recente... o que muita gente não entende. Tudo bem, com o tempo as coisas vão fazer sentido pra vocês também. Não é uma questão de escolher o caminho mais fácil, mas o mais justo. Ah, sim: justo pra mim.
Uma vez me falaram que eu tinha uma postura arrogante à primeira vista, mas que era necessário passar só 5 minutos comigo pra ver que eu entregaria o meu mundo a qualquer pessoa que eu amasse. Eu ainda faria isso, mas não é mais incondicional. Eu já não aceito com naturalidade a minha frustração com pessoas e amigos. Nem o descaso e a falta de respeito. Isso é, sim, problema deles agora. Não carrego mais o meu mundo e o de algumas pessoas.
Funciona em uma base simples e é aplicavel a todas as pessoas que convivem comigo:
tem que fazer valer a pena... ou não serve. Não serve.

Antes que pensem que virei uma ogra intolerante montada num porco, foi nessa semana que eu ouvi que as pessoas nunca me viram tão doce e tranquila. E que é uma delícia me ver rindo tanto.
Não colecionar mágoas tem que fazer alguma diferença.

Das palavras que tenho tatuadas no corpo, volto a justificar mais uma.

agora posso me entregar às futilidades da vida

Eu achei que não ia acabar nunca. Se pelo menos uma vez eu me arrebentasse inteira por deixar tudo pra última hora, talvez eu parasse de fazer isso.
Mas até o seminário sobre morosidade processual que apresentei ontem sem preparar deu certo. Sempre dá certo.


Confesso que quase chorei de ódio na quarta à noite enquanto elaborava 4 peças processuais pra quinta de manhã. Nesse sistema tive que mandar um réu a júri, absolver, condenar e fazer recurso... sempre pro mesmo réu. O que me colocou na situação irritante de ter que deixar lacunas na minha própria sentença condenatória pra poder recorrer e absolver depois. A falta de perfeição quando tenho capacidade me irrita.
Agradeço ao menino com cheiro de bala pela companhia no msn na madrugada a dentro, tentando me amansar... o que até conseguiu por alguns minutos.


Então hoje eu fiz a última coisa que precisava, a última prova que foi mero trabalho braçal. Nota em metro. Saber argumentar sobre casos perdidos sempre é bom.


Passo, enfim, às pequenas futilidades da vida que tanto senti falta...

Lí o jornal, levei a Holly pra passear, lí os blogs de todo mundo e te digo que estou com vontade de voltar pra cama pra ler... depois de prender a calça do pijama com a meia. É um dos meus melhores ideais de conforto e felicidade. Sexy 0_o


Levei uma intimada com um taxativo "a gente precisa conversar". Ok, ok... um amigo que eu levo (quase sempre) a sério e que a gente só usa a frase quando precisa mesmo ... Deitaremos no parque e conversaremos por horas sobre as coisas da vida.


É uma sexta feliz :)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

assim, soltinho...

(ou nem tanto assim)
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" (...) mas naquele raiar, ele sabia e achava: que a gente nunca podia apreciar direito, mesmo, as coisas bonitas ou boas, que aconteciam. As vezes, porque sobrevinham depressa e inesperadamente, a gente nem estando arrumado. Ou esperadas, e então não tinham gosto de tão boas, eram só um arremedado grosseiro. Ou porque as outras coisas, as ruins, prosseguiam também, de lado e do outro, não deixando limpo lugar. Ou porque faltavam ainda outras coisas, acontecidas em diferentes ocasiões, mas que careciam de formar junto com aquelas, para o completo. Ou porque, mesmo enquanto estavam acontecendo, a gente sabia que elas já estavam caminhando, para se acabar, roídas pelas horas, desmanchadas." (*)
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As vezes eu acho que a gente sofreria menos e pediria menos se realmente tivéssemos uma memória de peixe. "Abençoados os que esquecem..."?
nota mental n°2344: vontade de reler Primeiras Estórias(*) do Guimarães Rosa. Alguns dos melhores norteS que já tive.

de uma conversa

regada a La Vie en Rose e Cappuccino com muito chantilly.

A-melhor-música-da-Legião-que-não-é-Legião:



Porque ela manda nesse blog desde o primeiro dia pela letra e porque não seria mais do mesmo. De forma alguma.



"all romantics meet the same fate someday
cynical and drunk and boring someone in some dark cafe"

não dessa vez... muito bom sair pra rir de nós mesmos de vez em quando. De fato, quem perde a capacidade de rir de sí mesmo perde tudo.

em tempo:
- Nunca na vida confundiria Love Me Two Times com LA Woman. E minha música preferida é Indian Summer.
- A quem interessa possa: a versão original de The Last Time I Saw Richard é da Joni Mitchell e também vale muito a pena.

terça-feira, 1 de julho de 2008

de novo e ainda?

o que me separa da mediocridade do mundo: Andar Conmigo (Julieta Venegas)

Fórum, 9:30 da madrugada.
No meio das minhas audiências, lá sem fazer quase nada... comecei a olhar em volta. Vai que tem algo interessante acontecendo... Levantei os olhos do meu livro e ele tá vindo no final do corredor. Larguei o Dostoiévski no colo. Acompanhei com o olhar o caminho todo. Qualquer pessoa olharia. Vai que eu me dou bem dessa vez...
Talvez dessa vez... porque quem sabe.... uma casa com cerca branca... vai que... lindos filhos... ô, me dei bem! ah, que bom... até que...
- Prazer, réu. Preso há um ano por tráfico ilícito de entorpecentes.
Mas que maravilha, Andressa! Tua capacidade de fazer gol contra continua impecável.