quinta-feira, 3 de julho de 2008

assim, soltinho...

(ou nem tanto assim)
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" (...) mas naquele raiar, ele sabia e achava: que a gente nunca podia apreciar direito, mesmo, as coisas bonitas ou boas, que aconteciam. As vezes, porque sobrevinham depressa e inesperadamente, a gente nem estando arrumado. Ou esperadas, e então não tinham gosto de tão boas, eram só um arremedado grosseiro. Ou porque as outras coisas, as ruins, prosseguiam também, de lado e do outro, não deixando limpo lugar. Ou porque faltavam ainda outras coisas, acontecidas em diferentes ocasiões, mas que careciam de formar junto com aquelas, para o completo. Ou porque, mesmo enquanto estavam acontecendo, a gente sabia que elas já estavam caminhando, para se acabar, roídas pelas horas, desmanchadas." (*)
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As vezes eu acho que a gente sofreria menos e pediria menos se realmente tivéssemos uma memória de peixe. "Abençoados os que esquecem..."?
nota mental n°2344: vontade de reler Primeiras Estórias(*) do Guimarães Rosa. Alguns dos melhores norteS que já tive.

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