sábado, 16 de fevereiro de 2008

Demasiada humana?

A Laine ficou surpresa porque eu lembro a data e o horário.
Estranho seria se eu não lembrasse... 16 de fevereiro de 2006, 10hs da manhã. Era sexta-feira de Carnaval. Talvez ninguém me reconhecesse se voltasse um ano e me olhasse no chão do banheiro, horrível e inchada de tanto chorar (esqueçam os que já me viram chorando como uma lady... a classe eu recuperei depois desse dia).
Pra mim é um ano de independência. Na época significava tanto e hoje eu olho e não vejo nada... nem o por quê. Mas não é assim com todos os amores?
Hoje me pergunto como aguentei tanto... como eu faço perguntas e eu mesmo respondo, adianto: porque eu acreditava. E porque o amor é burro como uma topeira cega que se guia pelo cheiro... mas obedece instintos (coisa que eu não fazia).
Dizem que nem tudo foi tempo perdido... eu levei um tempo pra ver isso. Não posso dizer que já acredito que a mudança seja pra melhor. A Ju colocou o dedo na ferida entre um gole e outro de café e um rio de lágrimas há quase um ano atrás: 'eu gosto mais do que tu é hoje'. Diz ela que eu dominava a arte de patrolar pessoas como ninguém, que era como eu bem queria e entendia... que eu caminhava de salto fino em cima de algumas pessoas... e que a dor me ensinou a ser um pouco mais humana. Tenho meus motivos pra acreditar que ela falou em mais humana por bondade... ela queria mesmo era falar que eu tinha virado gente, enfim. Que agora eu entendia um pouco de dor e sofrimento... e que o respeito por essas pessoas vinha disso também. Respeito que tenho ainda pelos sentimentos... e que me indiguina quando falta.
Foram dias complicados... meses, na verdade. Então há um ano atrás eu fui pro Revival, saí do carro sozinha e tendo os amigos mais legais do mundo, ví eles entrarem correndo na garagem com uma garrafa de Vodka pra fins de anestesia e abraços sem perguntas. Há um ano atrás eu ouvia Legião também naquele bar.

Um ano de liberdade conquistada. Tudo diferente... talvez pra melhor. Saudade da segurança que minha indiferença impunha. Descobri que tenho um coração e acho que fiquei humana demais. O coração é burro... demais.

4 comentários:

Manô disse...

O coração... bom, um dia ele aprende. E quando ele aprender, te digo que não sei se não vai doer mais.

Eu lembro desses dias ali!
Da cadeira de praia, hahaha!

dessa... disse...

um pouco de frieza seria legal...
Mas que graça teria se tudo fosse óbvio? mas tem coisas que SÃO óbvias...

isso me lembra uma frase do Dostoiévski:
What is shameful to the mind is beauty and nothing else to the heart.

laine. disse...

Sabe...

não sentir é menos doloroso, mas é uma das metades...a outra metade é sentir profundamente. INTENSAMENTE.
a tal idéia que tu tem carimbada na pele.

qual é a graça de viver só pela metade?
como chegar até as nuvens com os pés no chão??
[faltou essa...]

dessa... disse...

bom mesmo é conhecer os dois lados. o céu e o inferno de não sentir nada... e de sentir demais, conhecendo teus limites.

o que fica em todo relacionamento é que vale o vôo... mesmo que a queda seja inevitável.
a sensação enquanto vôo não tem preço.
é o que fica
e no fim é o que importa :)