quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Caminheira

Diários recebem uma carga sem tamanho, mas são inúteis se não relidos de tempos em tempos. Ontem tava relendo vários deles, rindo muito, ficando triste às vezes, me indignando comigo mesma em alguns momentos. Alguns traços que me incomodam muito hoje já estavam presentes há muito tempo. A Gázi deve estar (ainda) certa em dizer que eu preciso de uma psicóloga.
Tem um que é o preferido, o das páginas pretas... o que me dá mais saudade. Tava cheio de pó, com o cheiro de papel guardado que eu adoro... a tinta prata e as páginas pretas me levam direto pros dias de uma vida que já não é minha. A chave da casa em Boston, presa por um barbante da Mike's Pastry, servindo como marcador, me dá uma certeza daquelas saudades que doem, mas são boas de ter. É a sensação de dever cumprido. Os quadros que tu pendura na parede das memórias com moldura dourada.
Sinto que tá na hora de viajar de novo.... e não como fuga, mas pela busca. É a vida lá fora que me puxa. É desembarcar sozinha num aeroporto de uma cidade totalmente desconhecida, sentindo aquele nó no estômago. É a primeira caminhada sem saber bem pra que lado ir, fazendo reconhecimento de onde tu mora. É acordar e sentir que dói abrir o olho porque a neve deixa tudo tão mais claro. Comprar meio litro de chocolate quente e ir caminhar na rua pra arejar um pouco. Fazer compras no mercado, pagar (todas) as contas.
O novo não me assusta... me estimula. Ir morar em outro lugar não dá espaço pro medo, mas me deixa livre. Um pouco disso vem da experiência de já ter mudado de cidade várias vezes, mudar de colégio... e deixar turmas e pessoas que sentem tua falta em cada um desses lugares. Enquanto a mudança não vem, procuro alguém pra cair na estrada comigo em julho... tenho um convite pra um mochilão na Europa em outubro (mesmo com a mochila sempre destruindo meus ombros)... e encaro o último ano de faculdade. Depois disso, sei lá onde vou parar. Certo que vou, só isso.

Jantando no Mega ontem com o amigo que tem o brilho de curiosidade no olhar que todo viajante tem (ainda mais os que acabam de chegar), ele me coloca na parede e pergunta:
- ... e a gente não ia pro México?

2 comentários:

Suani Campagnolo disse...

ah se eu tivesse aproveitado meu tempo de independencia sem filho para ter viajado...

daqui um tempo quem sabe...

aproveita...pega um rumo [ou sem ele tambem] e vai... só acrescenta, e tu sabe disso!

Manô disse...

é... verdade, eu já me sinto acomodada demais pra essas aventuras. Tive a fase de poder ir e não conseguir, agora tenho a sensação de que o momento passou. Isso vai de como a gente leva a vida... tu sempre continuou com esse ideal, acho que tem que ir mesmo.

Mesmo me deixando com saudades, mala.

Mas daí tu faz bilhetinhos pra mim e fica tudo certo, hehehe!!!

bjos